Nunca usei relógio. Não gosto de ver o tempo aprisionado em formatos criados consoante as modas.
Gosto de sentir o tempo. A sua passagem compassada pela lentidão do querer, pela rapidez de um desejo feito pressa.
Não gosto de medir o tempo através de ponteiros convencionados por seres convencionais.
Gosto de o percepcionar no existir diáfano, que não se nota, gosto de o concretizar na abstracção de um pensamento.
Sorrio sempre que se fala de tempo. Os que vivem obcecados pelo dito, nunca têm tempo...os que lhe dão demasiada importância ouvem-no no badalar do segundo.
Vem isto a propósito de hoje ter pressentido que o meu tempo não aceita esta relação que sempre fomentei com ele. Sinto, de repente, que o meu tempo mede-se, passa, não chega.
Mas, mesmo assim, recuso-me a agrilhoá-lo. Nunca usarei relógio.
1 comentário:
O tempo não se reduz a um qualquer relógio. O tempo que não está no teu pulso, nutre-se do teu corpo. E esse, persiste, mesmo que o relógio esteja atrasado.
O tempo não se diz no relógio que não usas.Tu ouves o toque de entrada, porém esqueces o da saída...
(Não falo só da escola.)
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