Ensaio sobre os outros...

 


    O Poeta, nos seus momentos dedicados à criação, resolveu ser outros. Outros que não ele. Deu-lhes vida, dia e local de nascimento, estudos, cidade em que habitavam, amigos, profissão. É curioso, mas não lhes deu pais! O Poeta foi o seu criador, o pai, a mãe, os avós...

    Vêm estas palavras ocas a propósito deste momento que vivo de intensas saudades. Saudades de mim e dos outros, os que, sendo parte de mim, já não estão. Tento perpetuá-los em imagens de memórias que guardo neste mistério que é o cérebro. Não chega. 

    Hoje, a saudade mitigou-se nas fotografias de todos. Sorrisos, tantos, sinceros, os deles, entre o meu por entre lágrimas.

Ensaio sem cor...


...mas com o tempo bem marcado.
 

Ensaio pelo rio...


 

O rio refresca o espírito, lava os pensamentos, adocica o olhar.

É o meu rio! 


Ensaio sobre o verão

 

O verão chegou. Para mim, não significa quase nada, exceto que as gargalhadas, os gritos, os sussurros morreram nos pátios.

Quando as aulas terminam, no final de mais um ano letivo, o espaço escolar é assustador. As ervas ocupam os passeios, os estores não se levantam, os campos de futebol estão vazios.

Resta o calor do sol, não tão amigável, é certo, quanto o sorriso dos meus alunos, no entanto, sem ele como viveríamos? Como chegaríamos a um novo outono.

Ah... o verão! Não gosto do verão.

Ah!... o Teatro

 

 

 





 

"O teatro é uma dimensão da poesia, isto é, a mais alta tentativa de conseguir que cada um de nós se envolva na verdade que não existe, e que é a razão de ser daquilo que dá sentido à existência e a essa coisa (...) que é o tempo." [Eduardo Prado Coelho]

 

É isso. A poesia acontece, seja na plateia cheia de jovens ávidos pela sua primeira ida ao teatro; seja na plateia de adultos a encher a alma de magníficas representações; seja no eterno espanto e respeito pelos meus pequenos atores, que ensaiam as minhas palavras e lhes dão vida.

É isso. A poesia acontece, quando as palavras nos fazem felizes.

 

O Teatro, sempre!  

Ensaio costumeiro...


     Um novo ano, ou outro ano, ou mais um dia a cumprir, seja o que for é sempre um bom tema de escrita.

    Há quem faça promessas de mudança, existe também quem goste de recordar os momentos mais marcantes do ano que termina. Particularmente, não sirvo de exemplo aos apologistas dos fogos de artifícios que consomem os céus. Não gosto da época, nem sei bem porquê, ainda para mais porque me dá vontade de verter as minhas salgadas e quentes lágrimas. Aprecio aquela última noite, naquele último minuto, engasgado com as passas, doze, de desejos sempre repetidos e nunca realizados, em que choro só porque me apetece. É esse o meu principal desejo, limpar os sacos das agruras dos dias, das alegrias repartidas, das tristezas renovadas. Sentir o raiar líquido do sentimento.

    Cansa-me recomeçar todos os anos. Prefiro a continuidade de mim.

 

Azul e verde


 

     Quem diria que o rio está por ali, percorrendo caminhos de pedras claras, borbulhando no cair de azenhas. Uma pequena imagem do meu paraíso.

Ensaio pelo sossego.

 




    De repente, ou talvez não, a minha Lisboa encheu-se de "jovens". O que os move nada me diz. Lamento apenas que se tenha feito tanto para tirar os jovens lisboetas da sua cidade, com as políticas da treta, e que agora acolham os outros de braços abertos de Marquês.

    Enfim...

Ensaio pelo Teatro... sempre.

 




Todos os anos temos palco, um palco de sentires cada vez mais difíceis, mas sempre, sempre pelo teatro.  


Ensaio pelo Alentejo...


 

O silêncio para lá das vidraças...

Ensaio pelos livros

 

     Hoje, foi dia de terminar as atividades do Projeto de Leitura. Desafiados, desde o início do ano, a falar de livros, os meus meninos do sétimo ano apresentaram os seus "podcasts". Uns mais criativos do que outros, o objetivo foi, no geral, atingido. Leram e souberam cativar a plateia de leitores inexperientes, os seus colegas, a ler os livros que apresentaram.

    Gosto de ser surpreendida e, para falar verdade, fui, sem dúvida. Todos dizem que os jovens já não leem, o que se traduz na mais pura e triste verdade. Contudo, alguns ainda o fazem e gostam. Aproveitemos, então, esses momentos em que alguém é capaz de contar essa história magnífica de Saint-Exupéry num teatrinho extraordinário de três minutos e qualquer coisa.

     Para o ano há mais projetos, espero que mais leituras, desejo realmente mais gostos em partilhar.

     Vamos falar de livros? Sempre!






Ensaio de tristeza ...


 

Era o nosso momento, todos os dias. Um telefone, muitas palavras. Por vezes, gargalhadas, outras simplesmente lágrimas.

Todos os dias, parece que ouço a sua voz: "Graça!", tão próxima... tão distante.

Todos os dias, minha Mãe.

 

Ensaio pelos novos dias...


     Não desistir nunca. Ser quem somos nos múltiplos 'eus' do dia a dia. Vivamos felizes!

Ensaio pela luta.


 

Sou Professora. Estou em luta.

Há mais de trinta anos que luto por um Portugal de futuro.

Sem sindicatos, sem cores políticas, sem religiões fundamentalistas, sem palavras balofas de retórica.

Sou Professora e luto para que o futuro do meu País seja digno, seja civilizado, educado, bem formado, com sentimentos, valores, ideais e lutas, lutas como a minha, pelo respeito!

Se a minha luta é notícia? Não, não obedece aos critérios editoriais das audiências: não fiquei no banco, a fazer birra, algures num estádio do Catar; não guardei o dinheiro do pavilhão camarário que não se fez; não falsifiquei o currículo; não estou a pensar em comprar a estrela magrebina do esférico internacional; não sou refugiada política de políticas que ninguém percebe; não represento qualquer papel na novela das dez; não tenho (felizmente) amigos políticos especialistas em quase tudo e quase nada percebo de avisos coloridos!

Sou apenas Professora (com maiúscula, sim!) e estou em luta pelo RESPEITO. Gostaria de um Portugal de futuro, com profissionais competentes, com cidadãos de pensamento crítico, com seres humanos dignos; um Portugal saído de uma Escola de eleição na transmissão de saberes, exigente, formadora… nunca de uma escola vista, pela maioria, como depósito temporário de crianças e jovens, cada vez mais mecanizados e sem querer pensar, facilmente manipuláveis pelos espíritos maquiavélicos que nos pseudo-governam.

Sou Professora e estou em luta pelos meus alunos de ontem, de hoje e de amanhã, pelos cidadãos do meu país, por nós.

 

“Ainda que os teus passos pareçam inúteis, vai abrindo caminhos, como a água que desce cantando da montanha. Outros te seguirão..." [Antoine de Saint-Exupéry]

Ensaio pelas sombras...


 

     Nem sempre é fácil falar dos dias. Mesmo nos mais solarengos, gravam-se as sombras nos nossos pensamentos, ou nos meus, apenas!