Hoje é Dia da Mãe!
Nunca quis ser mãe. Não por mera pretensão de querer ser só, nem por dedicação a causas que nos sugam tempo, não. Nunca quis ser mãe por medo. Um medo que cresceu comigo e me secou a vontade de o ser. Não era medo das dores do parto, não era medo de não saber educar (sou uma boa educadora), nem sequer por achar que não daria uma boa formadora de algum ser humano.
Não! Nunca quis ser mãe por receio de não conseguir transmitir a importância da partilha de sentimentos. Como imaginar um filho que não conseguisse sentir, na verdadeira acepção da palavra?
Hoje, no Dia da Mãe, vou ver a minha, almoçar com ela, na convenção dos dias inventados.
Contudo, no dia que é hoje, só me apetece mesmo recordar a minha Avó!
A minha Avó tinha nome de Deusa: Artemiza. Quando penso em Mãe, visualizo a minha Artémis, linda, meiga, cheia de sentimentos todos prontos a partilhar.
A minha Avó ensinou-me tudo. A ler livros de encantar, a gostar de histórias ditas em tom suave, ao fim da noite, para adormecer. Ensinou-me a ouvir rádio, a cozinhar, a costurar, a cantar os fados de Amália... A minha Avó tinha a mais linda voz que eu já escutei.
Nunca lhe ouvi uma palavra mais alta, ou zangada, tinha sempre um sorriso perfeitamente desenhado nas suas feições doces. Partilhava o seu ser magnificamente. Era Mãe!
Um dia, uma doença de nome gélido e estrangeiro (Alzheimer) começou a apagar as memórias da minha Artemiza. As memórias de mim também! Só o seu sorriso ficou até ao fim.
A minha Avó não tinha só nome de Deusa. Era uma Deusa.
No dia que é hoje, minha Mãe Artemiza, um sorriso para ti, que estarás, sem dúvida, num Olimpo de sentimentos maternos.
Até sempre.
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