Apesar do meu amor desmesurado por palavras feitas poemas, não tenho essa capacidade inexplicável de arrumar sentimentos, de rimar desejos, de dar métrica aos pensamentos. Houve dias em que ensaiei fazê-lo, motivada por uma vontade indizível.
Há pouco, descobri, num papel já maltratado, um registo (chamemos o dito de) poético. Fi-lo numa exposição de pintura de uma amiga. Fi-lo, porque, quando entrei naquela galeria, perdida pelos arcos da Rua Maria Pia, apaixonei-me por um quadro. As paixões são, também elas, difíceis de explicar.
Fora do contexto deste meu palco, ficam as palavras...
Peregrina da realidade,
Algo me chama do outro lado.
Perpasso o muro frio da ausência das palavras
Na esperança do grito que me aguarda.
Para trás...
os meus olhos vermelhos-sangue de sofrimento,
os meus pés ardentes agrilhoados na falsa liberdade,
o meu corpo diluido na cor que não quero,
o meu pensamento círculo-diáfano
na existência que não desejo.
O meu ser onírico espera-me,
atrai-me,
murmura-me o devir.
No Princípio era o Silêncio do real,
que abandono em busca
do que sonho.
Do outro lado serei Eu!
3 comentários:
Todas as palavras têm contexto... Basta que lho demos! E tu deste!
Bjo
Pois... tu escreves boa poesia... eu não estava enganado...
S'agapo poly...
Beijo
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