Hoje fui acordada pela voz doce e risonha do Rui. Fiquei furiosa. Detesto ser acordada, depois de não ter ainda cinco horas de sono! Aliás, a minha relação com o sono é difícil. Não nos entendemos. Quando eu quero, ele vira-me as costas, quando ele vem de mansinho, eu não posso!
O Rui murmurava no meu ouvido direito palavras e mais palavras e eu só me apetecia partir para a violência verbal, claro, não sou apologista da física (se bem que uma não é melhor do que a outra.) De repente, fiz um esforço de concentração...dizia-me qualquer coisa como se não seria um bom dia para tratar dos direitos de autora. Saltei da cama... furibunda comigo. Já não é a primeira vez que o Rui me acorda só para me dizer que me esqueci de alguma coisa. Sempre nos seus modos calmos e doces. Então é assim? É já para a semana, e eu não me lembrei? Será velhice? Será cansaço? Voei até à capital, acompanhada pelo som gritante de uma miscelânia de música grega. Tudo se resolve na capital.
A meio da viagem, a notícia, feita mensagem, de que os convites para o Rock in Rio já existiam. Rejubilei. Lá estarei, no dia certo, com a companhia desejada.
Antes da chegada, notícias de um dos Josés da minha vida. Já estava na Alemanha, vindo de oito dias na China, chegaria a Lisboa às 10.00 da noite. Não sei se irei... almoçamos talvez amanhã, no Paço do Lumiar, entre uma tacada e outra...de golfe, entenda-se.
Fui tratar da vida de autora. Pois que o sou...e isso obedece a burocracias legais. Mais um homem da minha vida dá sinais, sobrinho adorado, escorpião persistente, 19 a Matemática. Quase hora de almoço...o vento luta desalmadamente com as minhas vestes. Rio...sinto-me feliz. Outro homem, desta vez ao telemóvel, o pai, disposto a fazer o almoço que a filha gosta. Seja. Fui. No final, as palavras feitas pérolas na minha existência "O que seria de nós sem ti?". Provavelmente, o que seria de mim sem vocês!
Eis quando uma nuvem ensombra o meu dia solarengo. "Estou no hospital." Assim, frias e duras as palavras. Liguei... tentei animar, tentei dar todo o meu carinho através das ondas levadas pelo vento. Estou. Sempre. Para ti!
Preparo o regresso à minha pacata cidade de acolhimento. No entanto, uma dor relembra-me de que eu também existo, para além dos outros. Corro à clínica. Explico a urgência de uma consulta. Mais burocracias. Dia 30? Bem, se até lá o meu coração parar, que a minha vaga seja bem ocupada.
Sexta-feira. 18.00 horas. Os testes chamam por mim. Toca o telefone. Que bom o convite! Café? Já? Vou. Sempre que a amizade me chamar assim.
Obrigada ao Rui, por me ter acordado tão cedo. Enchi o meu dia. De mim.
Ensaio dizer em grego S'AGAPO POLY! Para os homens da minha vida, para as mulheres da minha vida, unicamente para a minha vida!
3 comentários:
Gosto muito de ti.
Existem dias intensos , a vida é intensa, feitas de coisas boas outras menos boas, temos de a viver da melhor forma e quando temos pessoas que amamos á volta fica mais fácil
beijinhos
Qualquer espaço é bom para ensaiar, disseste.
Ensaio sobre direitos de autor representa, para mim, um palco improvisado. Por isso, ouso o comentário mesmo que o texto represente bastidores de outros actores, de outros “actos”.
Faltava-me dizer – aqui - que estarei atenta a todas as tuas estreias, a todos os teus ensaios…
Eles serão, a partir de agora, um desejado espectáculo que eu tentarei assistir com muita atenção. Quando possível, nas filas da frente.
Um abraço.
lu
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