Um olhar sobre nada...

(Na Serra do Larouco)

O nascimento do "Teatrices" foi espontâneo. Não foi concebido racionalmente, nem com objectivos definidos. Nasceu do nada. Que é como quem diz, da minha vontade de falar de teatro. As analogias não são originais... nem criativas... são o mero espelhar do meu gosto e da minha relação com essa arte única de dramatizar. Os ensaios não podem, por isso, ser entendidos como uma qualquer tipologia textual, revelam tão somente a execução preparatória de algo. Esse algo ainda não descobri o que é... e os ensaios perpetuam-se no tempo, ocupando este espaço.

Ora bem, hoje não me apetece ensaiar! Pretendia escrever... só escrever. O grande problema reside em que não sou escritora. Não sei como quebrar regras de sintaxe, na procura do efeito de estilo; nem como subir a um registo cuidado desta língua minha amada, que permitiria a admiração do leitor. Não sei escrever no sentido de criação ficcionária, desconheço estruturas metafóricas que organizariam o olhar de um verdadeiro fazedor de palavras.

Mas quero escrever! Pacientemente, arrumo na minha mente as regras tantas vezes transmitidas aos meus alunos... comecemos pelo tema. Ou será assunto? (Não confundir com título, claro!). Não almejo tema, não tenho assunto... assim é difícil. E é nestes momentos que relembro a facilidade com que os grandes escritores pegam nas palavras de todos os dias, saboreiam-nas semanticamente e fazem alquimia verbal.

"Porque eu sou do tamanho do que vejo/e não do tamanho da minha altura"... tão singelo, tão profundamente Alberto Caeiro.

E eu? O que vejo? Será que já vi muito? Cresci pela visão? Qual é a minha verdadeira altura? Tento escrever sobre isso... e só me sai, imperfeitamente, a não-frase "Um olhar sobre nada..."!

Releio criticamente o que escrevi... não sou escritora! Voltarei, outro dia, para ensaiar.

6 comentários:

O Profeta disse...

ok...Ok fico à espeta np plateu...


Doce beijo

RENATA CORDEIRO disse...

Escrever é um longo aprendizado que leva anos, minha amiga. Mas não fique triste, pois os seus ensaios são maravilhosos e também são difíceis de fazer.
Querida;
Passe no meu Blog Galeria, pois fiz a resenha do filme "Uma relação pornográfica", que de pornográfico nada tem, nem sequer uma cena. O filme versa sobre o amor.
Um abraço,
Renata

Anónimo disse...

É que eu, tal como tu, também não sou escritora. Nem me preocupo com com essa capacidade que tanto amo e invejo aos escritores. No entanto, eu, tal como tu, temos o mesmo amor pelas palavras. E temos olhar e emoções... por isso admiramo-nos por aí... fazêmo-lo com palavras. Talvez a matéria-prima que melhor manuseamos... Talvez!

Mas não é escritor quem escreve? É! Pode é não ser escritor. Isso é outra coisa. Eu não quero, porque incapaz, ser escritora, mas quero escrever. Porque "Ser poeta não é uma ambição minha, É a minha maneira de estar sozinho."

Bjos

Anónimo disse...

Eu gosto de ti escritora de ensaios e de não ensaios. Continua.
Bjos.
PJB

C.R. disse...

Querida amiga,

A questão fundamental, nunca saberei se a possuímos ou não .. temos que fazer e pouco mais. Sem ser hipócrita, diria o que pode ainda ser importante é o que sentimos ao fazer ou deixar de fazer. O que os “outros” possam ajuizar ou não, é o pormenor. Beijo sereno e continuemos.

meus instantes e momentos disse...

vim conhecer teu blog, e achei tudo aqui, muito bom.
Parabens.
Ótimo post.
Maurizio