Todos os dias aprendo mais um pouco sobre o Mundo... e todos os dias quero aprender mais um pouco sobre mim. Nada de extraordinário... aliás, duas afirmações que soam a simples trivialidades. No entanto, não deixam de ser verdade.
Hoje, no palco, com cenário pintado de aquisição de conhecimento, que é a Escola, fui confrontada com a seguinte interpelação "Vá lá, S'tora, diga lá a verdade!".
Naquela fracção de segundo, que tem a dimensão de uma eternidade, o meu pensamento iniciou um processo sério de reflexão. As interrogações introspectivas sucediam-se, como torrentes de uma qualquer cascata! Estariam os meus lindinhos a partir do pressuposto de que eu não digo a verdade? Pensariam que, no discorrer dos conteúdos programáticos, a mentira prevalece? Que a Literatura é mentirosa? Que a gramática é entidade falsa? Que a interpretação induz em erro?
Uma fracção de segundo, com dimensão de eternidade, bastou para que o meu pensar, rapidamente, procurasse a definição da verdade. Vindas das profundezas, desse espaço reservado, onde se guardam algumas aprendizagens, ouviam-se as vozes daqueles que foram os meus professores, (ah! que saudade desses mestres do ensino, modelos de vida que eu quis seguir): verdade? o que é a verdade? concepção? pragmática? teoria? teorema?... que verdades? materiais? analíticas? formais?... na perspectiva lógica? metafísica? filosófica?... e ainda Nietzsche, o meu preferido, soprando no meu ouvido que a verdade não é mais do que um ponto de vista... e o outro quase gritando que não vale a pena falar de verdade, uma vez que é algo sempre em construção... Uma fracção de segundo? Pareceu-me uma eternidade!
"Vá, S'tora, diga lá a verdade? Qual é o seu poema preferido?". O tempo ficou suspenso. Acalmei o meu pensamento. Olhei-os. Devolveram-me um olhar brilhante pela expectativa...
A minha Verdade cobriu-se, sem falsidades, com o som da minha alma: "Não tenho! O meu poema preferido é a própria poesia."
6 comentários:
...a verdade!
Penso que a verdade absoluta não existe... Estamos, todo o Universo em constante movimento e portanto as explicações são também flutuantes... As verdades de ontem já não são mais...
Gostei demais do seu texto!
Reflexivo e profundo...
Beijos de luz e o meu carinho!!!
Graça:
Desculpe não comentar, mas pormeto voltar e comentar depois. Vi seu recado, seu fim de semana não pode estar começando agora, pois já escrevi o texto do post e à tarde vai estar pronto. Quero vc lá hoje, pois de todas as opiniões, a sua e a de mais algumas pessoas são as mais importantes.
Beijos,
Renata
Belíssimo post, Graça. Mas que a interpretação pode levar a mil verdades, isso pode, pois concordo com o filósofo citado, a verdade é relativa. Se estamos sentadas uma ao lado da outra, mas com os olhos voltados para lugares diferentes, se passa um rato branco e só eu vejo e não você, qual é a verdade? É uma discussão infindável no âmbito da filosofia da ciência, que chega a dois pontos incomensuráveis: o absoluto e o relativo.
Mas qual a verdade do poema? Dados alguns princípios pelo professor, é melhor deixar a questão em aberto. Mas você tem a sua verdade sobre o poema: a poesia, que, by the way, é a minha.
Querida, acabei de postar. Fim de semana só amanhã. Está muito caprichado o post e cheio de comidinhas.
Beijos,
Renata
A verdade é tão relativa. E todos queremos ser donos dela.
Bom fim de semana, amiga.
não estou nada inspirado!
sinto-me tão...
mas deixo aqui, assim, o meu afecto.
bjinhos
... e quando a verdade é mesmo verdade? E a mentira mesmo mentira?Haveria mentira, se não houvesse verdade? E verdade sem mentira? Construções... talvez! Mas mentiste! Apesar de teres dito a verdade...
Bjos
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