(Rio Coura - foto de GMV)
Nesta manifestação artística, tão velha quanto o Homem, que é o Teatro, são vários os elementos fundamentais para a sua existência. Tenho brincado, ao longo do tempo que tem este blogue, com as analogias entre esta arte e a própria vida... a minha vida. Nada de extraordinário, convenhamos. As semelhanças são evidentes e intrínsecas, afinal, não é por acaso que se associa o aparecimento das primeiras "dramatizações" à própria história do ser humano. Depois vieram os Gregos, mas isso é outra história...
Actores, palcos, cenários, falas, apartes, adereços, didascálias, encenadores, pontos, dramaturgos... tantas palavras de significado conhecido e contextualizado.
No entanto, a verdadeira razão de ser do Teatro é o Público. Essa realidade cultural e ideologicamente mutável, que tanto aplaude como apupa. É das expectativas individuais, e colectivas porque não, que nasce o sucesso da representação.
Tenho saudades do meu público. Os meus alunos. Essa plateia que regressa, a cada Setembro, cheia de expectativas. Que aplaude o entusiasmo da actriz, que apupa as falas gastas e descaracterizadas de um programa desfasado da realidade. É crítico, o meu jovem público. Gosto dessa sensação de que, por momentos, dentro de uma sala onde nem existem condições para estar sentado 90 minutos, existe vontade de argumentar, de dizer, de contrariar, de escrever, de fazer poesia, também.
Tenho saudades do meu público. Do brilho nos olhos de quem quer dizer algo mais do que a matéria dada, que anseia por um momento de atenção, que reclama uma relação afectiva.
Tenho saudades do meu público. De os ver crescer... de os ouvir mudar a voz... de os sentir sentindo... de os ajudar a aceitar as mudanças... de os incentivar à partilha... de os ler nos ditos das primeiras paixões.
Tenho saudades do meu público. Das suas dificuldades em expor oralmente... dos seus erros sintácticos... da sua leitura atrapalhada... do seu desejo de fazer sempre melhor... e ainda, porque tenho sorte, da sua vontade de aprender.
Tenho saudades dos meus alunos. Só por eles gosto de representar esta "difícil" peça de ser Professora.
4 comentários:
Sim! Ser professor não é muito fácil...Mas, é gratificante ensinar...Sentir que pelo menos alguns dos que passam em nossas vidas, realmente tem vontade de aprender!
Gostei do seu texto!
Beijos de luz...
Oi!
Até concordo... neste palco que nós pisamos, e que não é virtual, só mesmo os alunos. Mesmo!
Bjos
Fico feliz a olhar a fotografia e nem quero comentar esse "outro" lado.
Bjinho!
É cada vez mais difícil ser professor neste país. Que bom que ainda gostas.
Beijo
PJB
Enviar um comentário