Ensaio pela prata...






     Há uns dias, recebi uma pequena lembrança pelos meus mais de vinte e cinco ano no Agrupamento onde leciono a minha língua portuguesa. 
      O ensino mudou muito nestas duas décadas e meia, a aprendizagem também. Considero, no entanto, que o que mudou verdadeiramente foi a quase indiferença dos jovens em relação à sua vida. Perderam-se os objetivos, perdeu-se o gosto pela sabedoria, perderam-se os sentimentos, e, pior ainda, perderam-se as palavras.
        Estamos a matar as palavras, não as usamos, já não as reconhecemos. Nós, não! Continuarei a lutar contra isso, o resto da vida, esteja onde estiver.
        Tenho imensa saudade dos meus alunos "moinho", moendo palavras para se alimentarem de significados próprios. Conotações de toda uma existência que tanta falta fazem.

Ensaio sobre o julgamento...

(a minha escola primária)



Todos os dias nos confrontamos com esse acto extraordinário de julgar. Julgamos sem o púlpito da justiça, apesar do próprio também não ser digno de muita altura. 
Julgamos pelo ar, pelo não ar, pelo peso, pela leveza, pela roupa, pela falta dela, pela cor, por não se ser cromático, por isto e por aquilo.
Todos os dias somos confrontados com o julgamento dos outros, ou de nós, nem sei. E, curiosamente, nada nos faz parar. Esta estranha forma de ser, que nos obriga a olhar sempre para o outro, sempre à procura de um pequeno senão, de um desvio oblíquo, condescende com os espelhos. Esses que nos torturam os dias.
Neste palco, nada se sabe de leis, despachos, decretos, adendas e afins. É um palco "ajusto", se é que isso existe, no sentido contrário ao homónimo. Por aqui, encenam-se as verdades, ou nem isso. Encena-se apenas, sem cúmulo jurídico, ou trânsito em julgado (seja lá isso o que for).
Todo este pérfido ensaio, para dizer que julgo que a minha primeira Escola está como eu a deixei. Julgo que não quer crescer!