Ensaio pelo vazio...

[Luís]


trago os dedos cansados de me escrever
no silêncio das folhas brancas
vazias
tão vazias

houve tempos em que acreditei
ingenuamente
que o delírio com que desenhava cada letra
me libertaria esta alma agrilhoada

e escrevia-me
como se cada palavra
fixasse no papel sentimentos permanentes
como se cada frase ortografasse raivas
e desejos
sorrisos
e lamentos
como se cada verso
coerentemente dissesse a minha vida

houve tempos em que a tinta
foi lastro de fúria incontrolável
foi mel derramado sílaba a sílaba
foi matiz de felicidade
foi desilusão líquida em cristais salgados

trago os dedos cansados de me escrever
no silêncio das folhas brancas
vazias

tão vazias
de mim

19 comentários:

Heduardo Kiesse disse...

"trago os dedos cansados de me escrever
no silêncio das folhas brancas
vazias"


Um ensaio cheio de poesia, cheio de ti, repleto de vida!!

Inspiras-me com a tua Graciosidade

:-)

Marta Vinhais disse...

Não estão vazias de ti...
Há momentos em que nos desencontramos...
Não os podemos negar, mas depois voltamos encher páginas com sorrisos...
Gostei muito..
Beijos e abraços
Marta

Branca disse...

Querida Graça,

Gostei muito deste poema, tão cheio de ti, tão sincero, introspectivo.

Afinal o poema que eu gostaria de ter escrito, que muitos de nós precisavamos escrever, das palavras já gastas por aqui...

Deixo-te beijos de saudade.
Gostei de te ler.

Branca

Mar Arável disse...

Que nunca te doam as mãos

Bjs

Lídia Borges disse...

Sempre fica algo de nós no poema que [ainda] não escrevemos.

Um beijo

Filoxera disse...

Então, sai e preenche esse vazio com Sol, mar, árvores, pássaros, crianças.
Não penses. Sente, só...
Beijos.

A.S. disse...

Nunca os dias dependeram tanto
de um virar de página.
Os minutos de espera
são, por vezes, a vida,
ainda que a página esteja em branco!

Um beijo Graça... e saudades!
AL

rosa-branca disse...

Olá Graça, eis um poema à minha medida, mas que eu nunca o conseguiria escrever. Amei cada letra, cada palavra e cheguei ao fim com esse estado de alma. Tão bem que tu me vestes...nem o mais engenhoso costureiro do sentir me vestia assim. Passo a vida a vestir a alma com poemas de amor e quando aqui chego, verifico, que tenho andado" mal vestida". Adorei Beijos com muito carinho sempre.

Anónimo disse...

Querida Graça,

Gostei muito deste poema, tão cheio de ti, tão sincero, introspectivo.

Afinal o poema que eu gostaria de ter escrito, que muitos de nós precisavamos escrever, das palavras já gastas por aqui...

Deixo-te beijos de saudade.
Gostei de te ler.

Branca

Branca disse...

Voltei a este teu espaço e curiosamente e sem saber porquê o meu comentário repetiu-se aqui como anónimo numa outra data. Aconteceu-me num outro espaço no mesmo dia, o que esclareci de imediato, porque nem tinha assinado sequer o meu nome. Mistérios de funcionamento do blogger?

Voltei para te recordar, para matar saudades. Poderás pensar que te encontraria melhor noutro lado, ou talvez não, não tenho o hábito de andar muito pelas páginas do facebook. Um dia destes vou ver-te, mas sei que também não tens o hábito de ser excessivamente frequente, de alienares os teus dias. No entanto, encontrar-nos-emos por aí, em qualquer lado, de vez em quando, sempre que fôr possível, porque as recordações são boas.

Beijos
Branca

JOTA ENE ✔ disse...

ººº
Olá Graça ...

Sempre com escrita e laivos de teatro !

Sabes, assustei-me com os olhos lindos e penetrantes do fim do layout, são arrebatadores, eheh

CARREGA BENFICA, lool

Mª João C.Martins disse...

No silêncio das folhas brancas onde nos escrevemos, há sempre um pássaro em gestação. Asas que apenas precisam de uma golfada de ar puro e fresco, para se revelarem no espanto, renovado, dos nossos olhos.

Tantas vezes que já li este teu poema, e o que dele sinto, deixa-me sempre à tua espera.


Um beijinho com todo o meu carinho.

Nilson Barcelli disse...

Há quem (dizem) se liberte pela palavra.
Eu não, porque já sou livre...
Andava atrasado na leitura dos teus posts... li e gostei muito deste e dos poemas anteriores. Temos poeta...
Graça, querida amiga, tem um bom domingo.
Beijo.

Anónimo disse...

No silêncio das folhas brancas onde nos escrevemos, há sempre um pássaro em gestação. Asas que apenas precisam de uma golfada de ar puro e fresco, para se revelarem no espanto, renovado, dos nossos olhos.

Tantas vezes que já li este teu poema, e o que dele sinto, deixa-me sempre à tua espera.


Um beijinho com todo o meu carinho.

Anónimo disse...

Querida Graça,

Gostei muito deste poema, tão cheio de ti, tão sincero, introspectivo.

Afinal o poema que eu gostaria de ter escrito, que muitos de nós precisavamos escrever, das palavras já gastas por aqui...

Deixo-te beijos de saudade.
Gostei de te ler.

Branca

Anónimo disse...

Sempre fica algo de nós no poema que [ainda] não escrevemos.

Um beijo

alecerosana disse...

Graça, levei as palavras. Obrigada por tê-las escrito. Abraço!

f@ disse...

Vazio preenchido no branco... sempre o branco... f rio e a neve onde alegres fazemos patinar e misturamos as cores... beijinhos

vieira calado disse...

Olá, como está?
Havia tempo que aqui não vinha.
Desejo-lhe um bom feriado.
Bjss