Ensaio sem imagem...

Vesti-me nas sombras
de um palco gasto,
rouco de tantas deixas perdidas.
Há muito que as luzes
se diluiram no cântico
grosso de todas as chuvas.
Há muito que o pano
confirmou a inutilidade
de um poema envenenado.
Estendi-me no pó sagrado
que queimava o sal líquido das recordações...
Um eco
entre as cadeiras vazias.
Um coração breve
no silêncio
das vozes.
Pensei-me no sentido
dos ponteiros do relógio.
Devagar, entrei na realidade
E cansei-me,
cansei-me
de tanto esperar
as palavras.

11 comentários:

Marta Vinhais disse...

Mas as palavras dizem-se, soltam-se nas memórias do palco....
Mesmo que solitárias e ensaiem apenas monólogos....
Beijos e abraços
Marta

Mel de Carvalho disse...

tu sabes que o que escreves é pura imagem? a espera da palavra pode ser a palavra certa de dizer poesia. belíssimo, pois, este texto.

beijo e até "já", minha amiga Gracinha
Mel

Mar Arável disse...

... se bem reparaste...

eu estava lá
na ultima fila

a aplaudir-te
Bj

Daniel C.da Silva disse...

"Vesti-me nas sombras
de um palco gasto,
rouco de tantas deixas perdidas.
Há muito que as luzes
se diluiram no cântico
grosso de todas as chuvas.

Um eco
entre as cadeiras vazias.
Um coração breve
no silêncio
das vozes.".

Curvo-me.

Gosto da música.

O teu beijinho amigo, Graça! :)

aapayés disse...

Hermoso.. un gusto leerte.. de nuevo.

Que disfrutes del fin de semana, mis mejores deseos..

Un abrazo
Saludos fraternos...

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Minha querida


Uma ténue linha nos separa do amor ou nos empurra para o abismo e há abismos que são uma ponte para a vida.
Como sempre vim beber da tua fonte...e vou plena de poesia.

Beijinho
Sonhadora

Branca disse...

Querida Graça,

por duas vezes li este poema, agora com uma profundidade renovada, à luz do dia, acho que entendi a mensagem, mas espero por ti, espero as palavras cheguem e que nunca te canses de esperar.

Beijinho amigo
Branca

Carmo disse...

Querida Graça,

Quantas saudades do teu palco!!!!


Regressarei em breve


Um beijo

Filoxera disse...

Nem sempre as palavras são necessárias.
Mesmo no teatro...
Mas a beleza, neste caso da escrita, é sempre bem-vinda :-)
Beijos.

Mª João C.Martins disse...

E mesmo assim, no eco dos palcos exaustos de esperar palavras, o coração mantém vivo o compasso melódico da respiração dos poemas.

É assim este palco e a música que nele constróis com as palavras.

Um beijinho, Graça

Nilson Barcelli disse...

Há cenas que não fazem grande sentido, pela má qualidade dos actores e/ou pela ausência de público. Daí que o cansaço de uns e/ou de outros seja inevitavel.
Belo poema, gostei.
Graça, querida amiga, tem um bom domingo.
Beijos.