Falemos dos caminhos
Monótonos
Sulcos gastos na indiferença dos dias
No cruzar dos gestos vazios
Resguardemos o sorriso que nos basta
E nas ruas sujas de pedras frias
Nas portas anónimas e sempre fechadas
Incrustemos uma vontade aderente de ser
Brademos no silêncio da multidão confusa
A espera de campos cultivados de esperança
São ternas as searas que não plantámos
São ávidas as palavras de que não falámos
Não fujamos, então, da memória
Abracemos o leito que nos aguarda
E recomecemos
Sem medo
Sem vergonha
Sem hipocrisias…
A tecer os filamentos aguerridos
Que sarem todas as feridas.
8 comentários:
A vida é um palco
com muitos apeadeiros
Bj
Gastamos os dias
À margem da dor e do descanso
Espetros na imobilidade das horas
Gastas em em debelados silêncios
Inibidores.
"Não fujamos, então, da memória
Abracemos o leito que nos aguarda
E recomecemos"
Lindo Graça!
Um beijo
Minha querida
Um poema INTENSO e IMENSO como sempre as tuas palavras gritam.
Beijinhos com carinho
Sonhadora
...'São ternas as searas que não plantámos'...
Tanta semente ainda por lançar à terra que a fará florir e dar fruto, ainda que regada com as lágrimas de um descontentamento já tão prolongado...
Beijo, Graça.
Graça,
Como gosto de voltar a esta tua casa e encontrar um ensaio poético de esperança, que não é "ensaio", mas uma "estreia" de sabedoria.
Beijos e bom regresso, belo regresso!
Branca
Um blogue em que a poesia e a pintura
dão as mãos para tornar os dias
mais sensíveis e bons a quem
aqui vier.
Foi um gosto,
e voltarei sempre
que possível.
Bj.
Irene
" no silêncio da multidão confusa",
emudeço. Olho-me e já nem me encontro, neste sufoco de peito em ferida.
"no silêncio da multidão confusa", repito-me. O eco sempre foi o mais fiel companheiro das horas quase mortas.
Recomeço. Recomeço sempre!
Um beijinho, Graça.
Saudades tuas!
Não há como fugir da memória. Para o bem e para o mal...
Excelente poema, gostei imenso.
Querida Graça, boa semana.
Beijo.
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