[Luís]
Há uma força que se arrasta, lavrando as planícies do tempo. Rasgam-se sulcos em solo árido, na pressa errante de domesticar os instantes. O arado, numa azáfama consentida, arrasa o momento. Escraviza-se a vontade à sementeira das horas.
Há uma força que se entrega aos grilhões do tempo. Aferrolham-se os sentimentos, em ampulhetas-masmorras. O carrasco, numa desassossegada consciência, guilhotina os ponteiros. Sentencia-se o desejo à prisão dos minutos.
Há uma força que não se revolta, assimilando o vazio da ditadura de todos os tempos.
Bastava descobrir a flor indomável do deserto, cortar as grades da ansiosa janela, gritar planfletos irreverentes de liberdade.
Bastava ser o rasto lento de quem quer, somente, viver... com tempo.
[reeditado, porque hoje faz ainda mais sentido...]
17 comentários:
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. há porém a Palavra . aqui neste palco assente num e.terno so.calco . nunca as.falto . antes talco de um des.tempo sempre que haja ainda outro tempo para viver . re.vivendo .
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. ! bel.íssimo . graça ! .
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. o teu beijo de hoje . o de sempre . o de todos os dias .
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E, às vezes, não há esse tempo...
Para desfrutar em pleno....
Lindo...
Beijos e abraços
Marta
Fantástico texto e como também tem sentido para mim!...muito há para fazer...falta reter o voo...ou talvez voar mais alto!...
Beijos,
Manu
Reparo que, cada vez mais, os teus textos nos limitam as palavras como se nada mais pudesse ser acrescentado ao que foi dito.
Sente-se "uma força" indomável no tempo que nos comanda.
Um beijo
Graça,
Passados alguns posts de convivência, há sentimentos que dispensam palavras. Porque o seu sentir toca sempre. Mas ainda bem que insiste nelas, as palavras. Assim, vai acontecendo algo de precioso: a partilha.
Beijo :)
Boa memória
Bjs tantos
Gracinha,
talvez a questão resida na nossa incapacidade de virar a mesa. De soltar amarras e ser barco. A segurança do cais é tantas e tantas vezes uma miragem... Há tanto chão à espera dos nossos pés nesta Lezíria de várzeas largas. O rio ainda se recorda dos avieiros, dos seareiros...
Do que não gosta mesmo é da ausência das suas gentes, possuidas pelo verbo TER. Disse-mo há pouco ao ouvido...
Beijo, Gracinha.
Gratidão
Mel
Porque havemos sempre de nos submetermos aos grilhões do tempo?
Será que tudo tem que ser assim?
E o tempo um fruto áspero num solo molhado?
As razões são marcos proscritos.
Temos razão porque temos sonhos e vontades, contudo a verdade, gritada em panfletos irreverentes de liberdade, morre na teia complexa do nosso ser finito...
Um beijo meu Graça!
AL
Minha querida
Fiquei sem palavras para comentar, porque está tudo dito no teu belo texto.
O tempo por vezes não tem mais tempo...e o grito não tem mais espaço...apenas o silêncio fala.
Beijinho com carinho
Sonhadora
Buena memoria.. me gusta como escribes
Un abrazo
Saludos fraternos..
imenso...
Beijo,
Há uma força que a move adiante. Que a faz lutar, sonhar e jamais desistir.
É esta a mais importantes das forças que atuam sobre você.
Beijo, Graça!
Graça
Não existiriam searas sem o tempo fecundo. Nem arados que rompessem as vontades inertes.
Faz sempre sentido acreditar, que existe por descobrir, uma flor indomável do deserto.
Aqui, tão belas se revelam as suas pétalas!
Um beijinho
Não são prosa... não não são um ensaio... as tuas palavras são um poema. E bom.
Gostei imenso, querida Graça.
Beijos.
Bastava apenas querer viver, Graça...para descobrir belíssimas flores indomáveis...e [porque hoje faz ainda mais sentido], como dizes, senti neste teu ensaio um Hino à liberdade, um hino à vida vivida com dignidade e adorei.
Beijinhos.
Branca
Cada vez faz mais sentido, descobrir essa flor indomável do deserto... e no tempo que dizem ser este há que a encontrar na urgência do momento... e mudar o rumo incerto da embarcação..
Beijinho grande,
Chris
bastava apenas não querer... bastava apenas não desejar... bastava apenas!
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