Sempre considerei um pouco sem sentido, um pouco vazia, a palavra "instalação", quando associada a arte. Instalação, na maioria das vezes, faz-me recordar as minhas saudosas aulas de eletrotecnia, nesse tempo longínquo onde se marcavam no horário os Trabalhos Oficinais.
Na oficina da extinta escola secundária do Arco do Cego, faziam-se instalações incríveis, com percursos infindáveis de fios e mais fios, para que no final tocasse a campainha, ou melhor ainda, acendesse a lâmpada incandescente. Éramos os "instaladores".
Talvez pelas memórias tão visuais dessas aulas, resisto a utilizar o vocábulo em contexto artístico. No entanto, há uns dias, na vila das artes, tive a sorte(?) de assistir à explicação dada pelo autor Zadok Ben-David de todo o processo criativo da "instalação"- Pessoas que vi mas nunca conheci. Nove mil e trezentas figuras de pessoas reais, captadas num qualquer canto do mundo.
Finalmente, compreendi que pode haver uma verdadeira relação com as minhas aulas dos finais dos anos setenta. Tudo construído numa oficina, com materiais palpáveis, experimentando e refazendo, até à mostra final. Tudo iniciado por um olhar poético através de uma lente numa máquina fotográfica.
Aprender é o melhor condutor da vida. Eu gosto.