Ensaio sem imagem...

Vesti-me nas sombras
de um palco gasto,
rouco de tantas deixas perdidas.
Há muito que as luzes
se diluiram no cântico
grosso de todas as chuvas.
Há muito que o pano
confirmou a inutilidade
de um poema envenenado.
Estendi-me no pó sagrado
que queimava o sal líquido das recordações...
Um eco
entre as cadeiras vazias.
Um coração breve
no silêncio
das vozes.
Pensei-me no sentido
dos ponteiros do relógio.
Devagar, entrei na realidade
E cansei-me,
cansei-me
de tanto esperar
as palavras.