[Luís]
Incansável é o tempo. Insiste, ininterruptamente, sem grande alarido, na sua passagem. E assim, na quietude dos dias, Dezembro aproxima-se do fim.
Para alguns, é o momento ideal para olhar o palco, relembrar todas as representações falhadas, guardar na memória todos os intervalos que espelharam a rebeldia da alma, contabilizar todas as vezes que o pano caiu de cansaço... e rapidamente antecipar desejos de mudanças, imaginar novas peças, perspectivar prolepses de uma outra vida que não a vivida.
Não gosto de olhar o passado, nem de idealizar o futuro. Vivo o presente como o único tempo que vale a pena. Dezembro caminha, calmamente, em direcção ao final do ano. E eu também. Agradecendo, apenas, o alvorecer de cada dia... que me permite estar, que me permite ser, que me permite amar esta vida que tenho.