[Luís]
Quem me conhece sabe que não gosto de falar de mim. Apesar de ser uma comunicadora extrovertida, quando o assunto assume dimensões em nome próprio, fecha-se a concha e visto o papel de boa ouvinte.
Perguntaram-me, um dia destes, porque criei o Teatrices. Sempre gostei de escrever. Na minha casa, atulham-se escritos, acumulados ao longo dos anos, cheios de pensamentos, contos, poemas, peças de teatro... eu, ortografada. Um dia, num desafio, quase provocatório, alguém me disse que estava na altura de arrumar a casa. Criei um blogue!
No início, pensei-o como a hipótese de guardar tantas palavras manuscritas, uma espécie de armário virtual, no entanto, até aqui me resguardei... e passei a escrever meros ensaios, pequenos intervalos. Ensaios só no sentido daquilo que se prepara... intervalos, sem tempo nem espaço, de uma vida real. Fi-lo, porque não pensei que pudesse vir a ser lida. O título surgiu de um comentário de um aluno, num ensaio verdadeiro, em cima do palco. "Isso são as teatrices da Professora." Achei a palavra uma delícia e assim ficou.
Durante algum tempo, o meu retiro resultou. Não o divulguei, não visitava outros blogues, enfim, limitava-me a desabafar o que me ia na alma. Efectivamente, só dois ou três amigos reais conheciam o caminho para o meu palco. Um dia, publiquei um ensaio sobre uma situação que estava a afectar, directamente, a minha alegria perante a vida. Um desses meus leitores, gostou tanto, que deu a chave do meu teatro a "meio mundo". E assim, uns atrás dos outros, os visitantes foram ocupando os seus lugares, na minha plateia. Felizmente. Ao longo destes dois anos, em cima deste palco, conheci pessoas incríveis, li centenas e centenas de posts, alguns passaram do palco virtual para o real...
O Teatrices levou, então, quase que inconscientemente, uma reviravolta. Os desabafos acabaram e as palavras começaram a surgir como personagens principais de uma peça dedicada à língua. Esta que eu amo. Esta que eu ensino.
Actualmente, estou sem tempo, para me dedicar a este acto maravilhoso de escrever. Admiro os meus visitantes por tudo o que escrevem. Gosto de os ler, mas falta-me tempo para os comentar. Só por isso retirei a possibilidade destes meus ensaios serem comentados. Uma relação vive também da partilha, gosto de dar, gosto de retribuir. Contudo, não tenho, por agora, esses momentos. Peço a todos que me desculpem. Abrirei o pano ao vosso carinho, quando puder devolvê-lo, como merecem.
Quanto ao Teatrices, por aqui andará... ao ritmo de uma vida cada vez mais preenchida, ao sabor de uma vontade inerente de dizer, pulsando palavras ensaiadas, num intervalo de vida. A minha...