[Almas Submersas - pintura de Teresa Ribeiro]
Pintar é também representar. Figure-se a tela, como palco que se espanta perante o enigma da existência; entenda-se o traçado, matizado pela essência do sentir, como personagem imprevisível; calem-se as palavras-falas, para que a trama se exprima na criatividade da forma, na elegância da cor.
Há uns dias, fui visitar mais uma exposição de pintura da minha amiga Teresa Ribeiro. Ecos e Ressonâncias. De pintura nada sei, unicamente gosto. Muito. Quando chego, percorro toda a exposição, tentando ler, em cada quadro, uma página de um livro que urge decifrar. O meu amor pelas palavras nunca me abandona e, sem qualquer dificuldade, em cada linha, em cada forma, conoto sentidos lexicais. A linguagem pictórica faz surgir, em mim, uma vontade indizível de escrever.
Desta vez, a minha atenção recaiu num quadro de nome sugestivo, "Almas Submersas". Provavelmente, influenciada pela coincidência de ter terminado a leitura dessa narrativa magnífica, Sonhos Submersos, do meu querido amigo A. Pinto Correia, fluíram as palavras... as minhas, submersas... que guardei! Talvez, um dia, as ofereça à minha amiga, como já fiz noutros momentos, decorrente de outras exposições, de outros quadros, de outras leituras.
No intervalo da peça maior, decorrem os dias plenos de outros palcos. Da pintura à literatura... "porque há sempre mundos antes impensados para explorar." [Sebastiana Fadda]