[Graça]
Neste palco de mim, a cada subida de pano, nasce um ensaio que me revela, gera-se um intervalo que espelha o meu sentir. No entanto, hoje, decidi não passar do foyer. Não entrei no Teatrices, escondi a encenadora, despi-me de figurações da linguagem e resolvi ser "eu".
Fui desafiada pela Lídia a falar um pouco de mim, em cinco revelações, já o tinha sido pelo Henrique... então, antes que comece a parecer incorrecta, [e apesar de não ter o hábito de responder a estes desafios], resolvi ser o mais objectiva [e egocêntrica] possível. Deixo um pouco de mim... sem representações.
EU JÁ TIVE... vontade de fechar este "palco". A escrita sempre foi para mim uma necessidade, uma forma simples de aclarar as minhas ideias, de arrumar os meus pensamentos, de olhar os meus sentires. Mas há momentos na minha vida em que a necessidade não surge. Aí olho para o meu Teatrices, sinto-o vazio, abandonado... e escrevo, só por isso. Para preencher o espaço.
EU NUNCA... me arrependi de, num dia longínquo da década de oitenta, contra a vontade de todos os que amo, ter decidido ser Professora. Adoro a essência da minha profissão, apesar das turbulências que a assolam, à vontade dos sucessivos governos.
EU SEI... que quero aprender algo novo a cada dia. Numa palavra, num gesto, num sorriso, num olhar... Gosto de aprender, tanto como de ensinar.
EU QUERO... continuar a ser feliz, cada dia, todos os dias.
EU SONHO... pouco, muito pouco! Aliás, as minhas insónias pouco me deixam dormir, reduziram os meus sonhos a quase nada. Mas, se o sonho é um desejo de futuro, então eu sonho acabar os meus dias, respirando o verde do meu saudoso e distante Minho, olhando a assimetria dos montes que rodeiam a minha casa, sentindo o céu estrelado como um elmo de existência, ouvindo o rio a correr, no fundo do vale...
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Brevemente, levantar-se-á o pano, para um novo ensaio. Boa semana para todos os que me lêem.