Ensaio pouco dramático [porque quase poético]




Falemos dos caminhos
Monótonos
Sulcos gastos na indiferença dos dias

No cruzar dos gestos vazios
Resguardemos o sorriso que nos basta
E nas ruas sujas de pedras frias
Nas portas anónimas e sempre fechadas
Incrustemos uma vontade aderente de ser

Brademos no silêncio da multidão confusa
A espera de campos cultivados de esperança
São ternas as searas que não plantámos
São ávidas as palavras de que não falámos

Não fujamos, então, da memória
Abracemos o leito que nos aguarda
E recomecemos
Sem medo
Sem vergonha
Sem hipocrisias…
A tecer os filamentos aguerridos
Que sarem todas as feridas.

Ensaio ainda distante...


Nada é novo... ensaia-se, apenas, a renovação.