Ensaio seguro...

[Alexandre]


Há uma rocha que, no desassossego da espuma onde te resguardas, explode em estáticas sombras de um passado agrilhoado no azul do céu. E silhuetas de nuvens intraduzíveis murmuram-te as tréguas ambicionadas.

Há um mar mais próximo que, no clamar de um porvir de onde foges, se entranha no escorrer dos teus olhos salgados, cristalizados, resistentes ao galopar prometido pelo vaivém das ondas. Onde bramidos de sentires nunca gastos te imploram um ancoradouro perene. Irresistentes promessas de um mar tão perto... que persiste em apagar os sulcos penosos que marchetaste nas areias.

E há as palavras que não migram, as minhas, as tuas... palavras que rodeiam os dias de novas semânticas, que renascem na força da maré dos ensaios, que encenam seguras pela fragilidade do palco, que projectam diálogos difusos num foco de esperança, que intervalam certezas...

E há estas palavras que não desistem... que jamais deixarei de espraiar em ti.

18 comentários:

Marta Vinhais disse...

E são essas que perduram...
A foto muito bem enquadrada no teu texto...
Gostei imenso....
Beijos e abraços
Marta

Paulo disse...

Uma maré de certezas estas tuas palavras. Um texto magnífico. Não deixes de "espraiar", querida, fazes isso sempre com a segurança que te é característica. Ler-te é ouvir-te. E eu gosto tanto.

Beijo-te.

(Gostei da música também. Não conhecia.)


PJB

Lídia Borges disse...

E é profundo o sentimento nas palavras que não migram... Porque dizer, faz falta!

E que bem-dizer aqui encontramos, sempre.

Branca disse...

Graça,

Ontem o mar explodiu por todos os posts que visitei ao fim da noite. Em palavras ou fotografias ele estava lá.
Será saudade que temos dele após um Inverno prolongado como já perguntei à Ana? Mas ele está aí sempre, belíssimo como o do Alexandre, belíssimo e sempre diferente.
Nele a persistência do belo e da vida é sempre renovável nas marés, porque é bom que as tuas palavras não desistam e se espraiem também por aqui, para que te sintamos no decorrer dos dias.
Beijinhos
Branca

Zélia Guardiano disse...

Palavras... Ah, as tuas palavras! Tens a varinha de condão, poetisa! O pozinho de pirlimpimpim...
Lindo texto! Parabéns!
Um abraço

. intemporal . disse...

.

. a palavra a ser a recta, a curva, a meta .

. onde te/nos/vos acrescentas .

. tão somente ou a.penas porque aqui encontro amor: o teu ! .

. pela palavra, enquanto verbo de um mundo melhor .

. e ampla.mente mayor .

.

. o teu beijo TERNO de hoje, Graça, a.final, o de todos os dias .

.

. paulo .

.

maresia disse...

Ensaio seguro..
maravilhoso
com mares de muita emoção...
beijo-te querida

A.S. disse...

O mar é sempre o azul que nos chama do fundo dos sorrisos e das ondas.
Sobre as pedras, apenas um sussurro espalhado no marulhar das águas que se apartam!
Apenas as palavras continuam, abrindo-se devagar para o rubor de uns lábios de mar, espraiando-se na vastidão azul!

Um beijo Graça...
AL

São disse...

Ainda bem que existem palavras que perduram.

Um abraço, Gracinha.

vieira calado disse...

... e que belas palavras

elas são!

Desejo-lhe uns luminosos dias.

Beijoca

A Magia da Noite disse...

as palavras são carícias que se estendem como dedos sobre o vazio dos dias.

Mar Arável disse...

Há palavras que não desistem

Ainda bem que existes

Bjs

Carlos Gonçalves disse...

Ensaios seguros dão por tradição representações [actuações] in.seguras!
Beijo de boa noite, querida Graça.

Carlos

RENATA CORDEIRO disse...

Lindooooooooooooooooooo! Que belas palavras!
Muito obrigada, querida Graça, por todo o carinho e consideração, pois não vou lá muito bem.
Beijossssssssssss

*************


*Meu amor é simplesmente amor - nem mais nem menos. Não posso conceber como amar menos. Eu tentei! Porém, envergonho-me de dizer-lhes que fracassei continuamente por toda a minha vida. Não fui capaz de amar menos, e nem posso amar mais. "Mais" e "menos" são palavras que não pertencem ao reino espiritual. Elas pertencem ao mundo da matéria.A palavra "matéria" vem de uma raiz sânscrita,matra. Significa "aquilo que pode ser medido". Aquillo que pode ser medido não é o meu amor. Aquilo que não pode ser medido, aquilo que não pode ser mais ou menos, aquilo que é para você compartilhar...Porque toda esta existência é feita da substância chamada amor. Quando você compreende sua realidade, você compreende em miniatura a realidade de toda a existência - ela é feita da matéria chamada amor. Estamos vivendo num oceano de amor, sem nos dar conta.*
Osho-Escuta.

+ Beijos
Bom dia!

KrystalDiVerso disse...

Há sempre, aqui, uma vertigem que se equilibra no pico de um alfinete cartesiano numa fuga salgada ao encontro de uma certeza inaudita!... A espuma fragmenta-se entre as partículas de areia fina que os braços abertos aguardam e a respiração ofegante de uma imaginação fecunda que ao prazer incondicional da imensidão se entrega!... E as palavras que escorrem do seu Mar até ao Céu azul dos sentidos, entregam-se numa rendição arrebatadora de uma paixão pura oferecida ás Sereias que se movimentam entre textos ondulantes e... Admiráveis!
É sempre compensador, passar aqui pelo "teatro".





Escolha entre... beijos e abraços

sideny disse...

Ola

Venho deixar um beijinho.

E obrigada pelo teu carinho:)

Sofá Amarelo disse...

As palavras que não migram são as palavras que conseguem desfazer-se em espuma contra os rochedos para logo formarem de novo a onda que se vai espraiar de novo na areia dos sentidos...

José Carlos Brandão disse...

Navegamos num m ar de palavras, luminosas, quase levam ao êxtase.
Um beijo.