Ensaio sobre as palavras



As palavras, por vezes, pregam-nos grandes partidas. Saem disparadas, sem que as consigamos agrilhoar! Quando reparamos, já está! Já as lançámos, qual bola de fogo, para tudo queimar.

Lido com palavras todos os dias...gosto de as pronunciar, de as sentir formando dentro de mim, de as guardar também.

Já alguém dizia que as palavras nos beijam, mas também magoam. Que as palavras ferem mais do que punhais. Foi o que fiz...assim, sem querer. Ou querendo, não sei! Não pensei, foi esse o mal.

Grande poder têm as palavras. Ainda hoje me espanto como é possível arruinar tudo com uma simples palavra. Melhor dizendo, não me espanto nada. Sei o que valem, o que representam, o que significam. Quando as uso, é com intenção.

Foi uma intenção errada. Soou a ponto final, numa relação que ainda nem vírgula tinha.

Ensaio triste

Hoje o dia correu bem. A satisfação, quando acaba uma aula, e se tem a certeza de que se ensinou alguma coisa, é algo indiscritível. Por isso, vim satisfeita para casa.
Não sei em que me momento uma grande tristeza começou a assolar a minha alma. Começou devagarinho, foi crescendo...e agora, faço um pequeno esforço para não chorar.
O que me entristeceu?
Não sei bem, um pouco de tudo, um quase nada!
A mera passagem dos dias tem destas coisas. Os ensaios falham por vezes. Sinto que hoje, nesta noite, que nem fria está, não sou boa encenadora. É difícil ensaiar a própria vida. A peça é alterada a cada instante. A força dos actores altera as personagens pensadas.
Mas amanhã é um novo dia...podia escrever a noite toda, sinto que podia escrever a noite toda. No entanto, o vazio das palavras leva-me a colocar um ponto final. Basta.

Será uma peça?




Este é o título da peça que escrevi para os meus alunos do Teatro. Os mais novos, entenda-se.


No outro dia levei-lhes o início da peça...foi uma alegria! Mas hoje a tristeza fez das suas. Era suposto começarmos os ensaios, com a peça completa. Não foi possível. A senhora das fotocópias tinha perdido o original.


Quando cheguei à porta da Sala Gil Vicente, onde ensaiamos, já a expectativa era enorme. "Stora, qual é o meu papel?", "Stora, vamos hoje subir ao palco?".


Expliquei! Não compreenderam. Daí a tristeza.


No entanto, eu...eu fiquei feliz, pelas reacções, pelas emoções, pelo Teatro...por eles!

Prós e contras II

Estou sem palavras! A Senhora Ministra continua a apostar no seu discurso de mártir. A minha desilusão é não estar ninguém naquela plateia que a possa afrontar. Meia dúzia de verdades chegava. Mas não! Acabam por falar do que não interessa, e para isso ela não tem resposta!

Prós e contras



Parece que amanhã a Senhora Ministra da Educação vai, pela enésima vez, à RTP.

Que dizer? Nada, julgo que é o mais apropriado. Não vale a pena dizer nada. A Senhora aparecerá com o seu ar de mártir, de quem é condescendente para os «professorzecos» deste Portugal, que não é Finlândia.

Quando alguém a contrariar, provavelmente fará o que o seu mentor lhe ensinou...dirá "Desculpe". E o país desculpará, e o país ficará convencido que aquela senhora encolhida e simpática pôs a trabalhar uns milhares de incompetentes, que nem se percebe que função têm nesta sociedade.

Falar-se-á de avaliação, talvez de gestão...mas de ditaduras dúvido muito. Essas ditaduras democráticas, vestidas de mentira e prepotência, essas ditaduras que calam as vozes dos únicos seres pensantes!

A jornalistas prestará a sua reverência a alguém tão iluminado.

E, no final, o país ficará contente, por mais umas horas de serviço público a dar cabo dos Professores.

Blogues




Nos últimos dias tenho ensaiado visitar uns quantos blogs. Ou será blogues? A minha formação diz-me que devia optar pela última. É mais correcto, é mais português. Não deixando de ser um empréstimo, claro.

Voltando aos blogues...há-os para todos os gostos. Até aqueles, muito recentes, muito actuais, que vão compilando fichas e mais fichas, grelhas e mais grelhas...enfim: avaliação de professores.

Não me incomoda que alguém na blogosfera esteja neste momento a fazer o trabalho de milhares de professores por esse país fora. Aliás, até devíamos agradecer. Mas confesso que me irrita um pouco. Nem sei porquê, mas irrita! Então, vejamos. Se há, neste momento, centenas de modelos de fichas, isso significa que vai haver milhares de professores a usá-las. E onde fica a diferença do contexto sócio-educativo? Não fica! Fica tudo igual.

Resolvi, por isso, visitar outros momentos de alegria. E encontrei alguns...nomes sugestivos...fui ficando...e agora sou fã! Fã incondicional de blogues pessoais.


Ensaiei escrever comentários, mas acabei trocando mails...é mais divertido.

Agora vou ensaiar dormir.

Boa noite.

Chuva!



Hoje, a meio de uma aula, começou a chover. Primeiro miudinha...depois com uma violência atroz!

Enquanto a minha aluna fazia a sua exposição oral, sobre o livro "Rosinha, minha canoa", eu só pensava na escuridão que se sobrepunha àquela tarde triste.

Gosto de ensinar. Gosto de ver que consegui pôr um conjunto de alunos a ler livros, a falar deles! A minha aluna adorou o livro, e entre um trovão e outro, lá saía a voz emocionada de quem quer falar de árvores e canoas, de fantasias e realidades, de espera pela morte. É lindo o livro. Eu sei! Mas lindo, lindo, foi ter de alguma forma contribuído para o tremer de emoção contida na voz da minha lindinha.

Gosto de ser Professora, também nestas tardes de chuva torrencial, nestas tardes de sentimentos contidos...na voz de uma aluna, de quem tenho o gosto de ser Professora.

Ensaios



Hoje foi dia de ensaio. Tenho dois grupos de Teatro, na Escola onde lecciono.

No meio de tantas reuniões, grelhas, indicadores de medida, desvios padrão e afins, lá vislumbrei um pequeno raio de Sol. Os meus aprendizes de actores.

É sempre uma emoção ensaiar às terças-feiras, de manhã com os mais novos, à tarde com os mais velhos. O entusiasmo é o mesmo. A dedicação exemplar. O brilho nos olhos inexplicável. Enfim, somos eu e eles na partilha de um amor, por vezes ainda envergonhado, pelo mundo fascinante da representação.

Claro que estas horas passadas com os alunos, que nem são meus, não fazem parte de nenhuma daquelas grelhas de observação, de nenhum parâmetro de avaliação de desempenho. Mas, talvez por isso, a vontade de estar com eles seja ainda maior. Não é preciso que venha um ser iluminado dizer-me, ao fim de tantos anos de dedicação a centenas e centenas de jovens que já passaram pela minha vida, que eu motivo, que eu imponho disciplina, que eu...

Eu ensino. Eu formo. Eu dou. Eu sou Professora.

Desculpe, sr. Sócrates!

Hoje, era suposto falar de ensaios!
Mas não resisti. Sou Professora e ensaiei, logo de manhã, dirigir-me para a Escola onde lecciono. Foi um ensaio inglório. Quando indaguei o agente da autoridade, a cem metros da Escola, e depois de duas horas dentro de um carro, fiquei a saber que o meu local de trabalho estava encerrado, devido à tempestade que se abateu na minha cidade.
Sou Professora. Por isso, vim para casa trabalhar para os meus alunos. Neste caso, os do Teatro. Escrevi uma peça. "Começar de novo...". Digamos que foi produtivo o meu dia.
Depois do jantar, ensaiei ver o nosso primeiro. Ensaio também ele inglório. Desculpe, sr. Primeiro. Por não gostar de o ouvir dizer, a cada pergunta, "Desculpe"!
Há anos atrás, ensinaram-me que a palavra "Desculpe" não é uma palavra mágica, É um compromisso que se toma para não tornar a fazer.
Mas o senhor faz, sistematicamente, torna a fazer!
Ensaiemos, então, falar de educação. A tal que o senhor considera que, dentro de dez anos, dará os seus resultados.
Desculpe, sr. Sócrates! Que resultados?
Uma geração empurrada para a falta de conhecimento, para a falta de respeito pela instituição escola, para o facilitismo de vida.
Receio pelo futuro deste meu amado Portugal, que o senhor quer ver como o último no comboio de uma Europa, cada vez mais longe.
Nenhuma avaliação é perfeita? Ou a sua é que não é?
Os Professores fazem um trabalho sério, senhor Primeiro Ministro. O que dá vontade de rir são mesmo as suas políticas.
Bem, para hoje tinha prometido ensaios. E ensaiei dizer umas palavras ao senhor Sócrates.
"Desculpe".

O início...



O Teatro é a arte de representar...quer dizer, penso que é! Quem sou eu para ter certezas. De qualquer forma, hoje resolvi modernizar-me. Criei um Blog.

É o início de uma relação que não se pretende fingida, nem com aspirações a grandes palcos.

O Mundo basta-me. Já o outro dizia que o Mundo inteiro é um palco, onde todos somos actores.

Representemos, então!

Criemos uma peça para apresentar ao grande público. Esperemos calmamente pelos aplausos. Aceitemos o apagar das luzes.


Amanhã, começaremos os ensaios.

Agora vou dormir.