O sangue da terra...


Ao fim de uma semana de boa vida, ou seja, de férias, de excessos, de desvarios, de nada, de tudo, tive mais uma das minhas insónias. Parece rídículo falar aqui da minha relação atribulada com o sono, até porque já me habituei a ela. Curiosamente, quando chego a estas paragens nortenhas, costumo ter uma benesse. Durmo. Mas ontem não!
Não vou dizer que passei a noite em claro preocupada com a sociedade, cada vez mais violenta; ou com a possibilidade de se iniciar uma guerra "quente" (para não repetir a fria) no Cáucaso; ou ainda desiludida com a prestação olímpica das gentes afonsinas. Não. Tenho preocupações mais válidas: as minhas (e num acto de puro egoísmo, não as partilharei).
Serve este início para explicar porque tive um dia diferente. Levantei-me com vontade de fazer algo que me preenchesse a alma. Que me aquecesse o sangue. Ora bem, diz o povo minhoto que "A água é o sangue da terra". Impregnada de uma vontade de sentir o "sangue" correr, partimos, eu e o meu companheiro de viagem, para uma verdadeira homenagem à Água.
Não foi preciso ir para muito longe. Nesta terra, a água brota a cada canto, jorra do monte, serpenteia pelos caminhos, gargalha por entre os seixos, murmura escondida na sombra dos pinheiros.
Fomos. Primeira paragem, no silêncio contemplativo de um rio. Diria o povo chinês que "O rio entrega todas as suas águas ao oceano e nem por isso está vazio". Verdade. Ia cheio...

Seguimos. A terra é conhecida pela sua dedicação à cultura, à arte.


Também, reconhecida pela sua religiosidade, que eu não entendo. Pelo menos, não nesta forma de apresentar Cristo!

Bem, já se vê que a visita resultou em reportagem fotográfica, (não é um fotoblogue, pena!), contudo, o nosso propósito mantinha-se. Água. Perpassámos na homenagem ao provérbio "Água mole em pedra dura tanto bate até que fura". Tão verdade. Só não consigo destrinçar facilmente quando sou água, quando sou pedra!...

A elegante e tradicional Vila tem um Aqua Museum! Estivemos, claro, reverenciando a dita fonte de vida, o verdadeiro sangue da terra.


O dia ia longo, neste palco de procura. Senti que estava próximo o que almejava, desde manhã. Deixámos a cultural vila, à beira rio erigida e voámos(?!) em direcção à última paragem. Antes de o ver, já se ouvia o seu bramir. Estava bravo, sem dúvida. Revolto pelas preocupações dos dias. O Mar. Fui ver o Mar. Sentir a sua imensidão. A sua força. Deixar que a sua energia, feita espuma branca, me inundasse, por breves momentos que fossem. O Mar... Inspirei o ar salgado. Repus o meu equilíbrio.

O dia revelou-se quase uma demanda. Na peça faltava o protagonista. Surgiu, na sua magnitude, perto do fim do dia. Pude então regressar, com nova alma, com o sangue fervendo de vida. Hoje, vou talvez dormir.

Bons passeios.

4 comentários:

Anónimo disse...

E é dessa mescla de terra e de água, de verdes e de azuis, de espuma e de estrelas que a vida se preenche de nadas. Que são tudo.Ou quase...

beijoca

Anónimo disse...

E hoje onde andas? É o que tem o nosso Minho. Nunca se está no mesmo sítio muito tempo.
Beijo
PJB

SP disse...

Olá!

Vim retribuir a visita simpática ao meu sítio.
Parabéns pelo seu blogue! Bom gosto e cultura.
Voltarei.

Obrigado!

Whispers disse...

Ola!

Passando de blog em blog entrei no seu.

Amei as fotos, parabens.

Desejo que voce esteja dormindo ao menos melhor:) sei bem o que eh ter insónias....

Beijos e bom fim de semana
Whispers