Ensaio sobre os dias...



Já uma vez escrevi, por este palco, que não gosto de dias convencionados. Dias feitos de rótulos. Dias que se minimizam em data de calendário. Dias para aliviar consciências pesadas.


Parece que hoje é dia da Criança!

Quero alimentar essa criança que sempre viveu em mim. Até ao fim dos meus dias, quero sentir essa forma de estar perante a vida, perante o mundo. Quero olhar o azul e inventar histórias para as nuvens brancas. Mas quero sentir todos os dias. Não só hoje. Continuo criança na admiração perante a grandeza do Mundo. Continuo criança, quando quero os meus "porquês" respondidos. Continuo criança, quando me abstraio das responsabilidades e posso sorrir só por sorrir. Continuo criança, quando procuro o colo dos que amo, só para me sentir protegida pelo calor dos outros. Sou criança, quando exijo a outra mão a apertar a minha mão, para saborear a partilha do momento. Sou criança, quando ainda encontro beleza no fogo de artifício, que rasga os céus nocturnos, ao som dos Bon Jovi. Sou criança quando olho, todos os dias, para as minhas crianças e vejo pessoas.

Parece que hoje é dia da Criança! Para que alguns adultos possam presentear, possam passear com, possam olhar e ver, uma vez no ano, as suas crianças.

Não creio que o Mundo precisasse desta data. Dia da Criança é o nosso dia, todos os dias.

(foto de Luís AT)

2 comentários:

Anónimo disse...

Sem mais. Todos os dias são dias de pessoas. Grandes e pequenas. Pessoas. O problema é que os grandes se esquecem das pequenas... Iludem-se com o fogo de artifício. Depois inventam um dia para elas...nos outros dias vivem com outra ilusão. Acreditam que as crianças são adultos...

Anónimo disse...

Essa tua criança...

PJB