Comprei-me...



O meu pai ensinou-me, quando eu era ainda uma filha que ouvia, que não interessa se bem, se mal, o importante é que falem de nós!

Cresci, fazendo tudo para que esta "máxima" do clã V. não caísse no esquecimento. Falam de mim, eu sei. Na parte do mal, provavelmente para me apontarem defeitos que para mim são aspectos inerentes à minha existência. Na parte do bem, apontar-me-ão virtudes que eu não tenho...mas gostaria de ter.

Para quem me conhece, e são muito poucos, convenhamos, não liga às minhas auto-reflexões hiperbólicas. Não lhes dá importância, não lhes encontra faceta "pedante", não lhes reconhece vaidade, porque, enfim, me conhece. Para os outros, soará sempre a discurso apologístico em nome próprio. Reconheço algum exagero da minha parte, mas no discurso, nas palavras que gosto de articular, na velocidade estonteante da conversa. Nunca exagero em mim. Sou o que sou. Se incomoda, paciência!

Vem a introdução a propósito de, hoje, ter tido a oportunidade de me comprar. Não deixa de ser gratificante poder entrar numa qualquer papelaria e adquirir um jornal onde está o nosso nome. Pequena notícia...como a própria, contudo lá, na página trinta e um, na secção de Cultura. Alguém que eu gosto leu para mim. Gostei. Afinal, no sábado passado, tinha dado uma entrevista a uma jornalista que, no meio de mais de uma dezena de professores, me escolheu. Sei a razão. Sou autora das peças que enceno.

Transcrevo a dita...só porque o blogue é meu, só porque escrevo para mim, só porque os tais que me conhecem também vão gostar de ler. O meu pai vai gostar, de certeza.


A professora que escreve peças de teatro

"Conversas de Esplanada” é uma peça original do Núcleo de Teatro da Escola EB 2,3 xxxxx xxxxxxx , em xxxxxx, que foi apresentado na tarde de sábado no auditório da XXXX. GMV é professora de Língua Portuguesa e lecciona a disciplina na escola há mais de dez anos. É também a professora de teatro do núcleo. Já escreveu oito peças para a iniciativa “Aprendizes do Fingir”. Confessa-se uma apaixonada pela escrita e garante que, muitas das vezes, a inspiração e as ideias para escrever uma peça surge da conversa com os alunos.
“No início do ano lectivo converso com eles e pergunto-lhes sobre o que eles querem representar. Eles dão ideias e vou puxando pela imaginação. Depois mostro-lhes, eles dizem se gostam e adaptamo-la à personalidade de cada um. É uma experiência muito enriquecedora”, garante.
“Conversas de Esplanada” passa-se numa esplanada de uma grande capital e as personagens vão passando pelo local. Excepto um inglês que permanece e, no final da história, se percebe que é um ladrão de quadros de Picasso. Uma história ligeira e divertida onde cada aluno descobre as suas capacidades teatrais.
“O teatro ajuda a modificar alguns comportamentos, sobretudo daqueles jovens muito tímidos. A maioria dos pais dizem-me que não faziam ideia que o filho fosse capaz de representar tão bem”, conta orgulhosa.
GMV aplaude esta iniciativa promovida pela câmara uma vez que permite aos jovens actores mostrarem o trabalho que desenvolvem ao longo do ano. “É o reconhecimento do seu trabalho." conclui.
Nota posterior: alterei algumas coisas na notícia. Afinal, o blogue é público, mas as pessoas não.

5 comentários:

Paola disse...

O teu pai ensinou-te bem! Que falem... Será por inveja, seguramente!

Bjos

Emília disse...

A falsa modéstia é própria dos fracos... E não é a auto-avaliação uma competência fundamental?
O teu pai é certamente um homem extraordinário porque além dos valores que te ensinou ter-te-ã agraciado com excepcionais e talentosos genes: Quem te conhece sabe... quem assiste reconhece.
Parabéns à pessoa que és.
Beijo

P.S: Curiosa a série de letras que me surgiu como código. Tem tudo a ver contigo...

Graça disse...

Obrigada a quem me conhece, por gostar de mim assim. Também gosto de vocês.

Unknown disse...

Eu fui, estive, irei e estarei sempre para te aplaudir.

Anónimo disse...

Hoje, sinto-me forasteira. Invasora. Não me perguntes…
É que depois do comentário postado às 15.39h, fiquei sem espaço fora de mim.
E, por vezes, basta.
Não me perguntes.
É Hora de festejar.