Desculpe, sr. Sócrates!

Hoje, era suposto falar de ensaios!
Mas não resisti. Sou Professora e ensaiei, logo de manhã, dirigir-me para a Escola onde lecciono. Foi um ensaio inglório. Quando indaguei o agente da autoridade, a cem metros da Escola, e depois de duas horas dentro de um carro, fiquei a saber que o meu local de trabalho estava encerrado, devido à tempestade que se abateu na minha cidade.
Sou Professora. Por isso, vim para casa trabalhar para os meus alunos. Neste caso, os do Teatro. Escrevi uma peça. "Começar de novo...". Digamos que foi produtivo o meu dia.
Depois do jantar, ensaiei ver o nosso primeiro. Ensaio também ele inglório. Desculpe, sr. Primeiro. Por não gostar de o ouvir dizer, a cada pergunta, "Desculpe"!
Há anos atrás, ensinaram-me que a palavra "Desculpe" não é uma palavra mágica, É um compromisso que se toma para não tornar a fazer.
Mas o senhor faz, sistematicamente, torna a fazer!
Ensaiemos, então, falar de educação. A tal que o senhor considera que, dentro de dez anos, dará os seus resultados.
Desculpe, sr. Sócrates! Que resultados?
Uma geração empurrada para a falta de conhecimento, para a falta de respeito pela instituição escola, para o facilitismo de vida.
Receio pelo futuro deste meu amado Portugal, que o senhor quer ver como o último no comboio de uma Europa, cada vez mais longe.
Nenhuma avaliação é perfeita? Ou a sua é que não é?
Os Professores fazem um trabalho sério, senhor Primeiro Ministro. O que dá vontade de rir são mesmo as suas políticas.
Bem, para hoje tinha prometido ensaios. E ensaiei dizer umas palavras ao senhor Sócrates.
"Desculpe".

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